14 de maio de 2013

Não escrevo contra meus princípios


Recebi até hoje, para escrever, duas propostas que contrariaram meus princípios. Ambas devem servir de recado para evitar novas propostas do mesmo gênero.

Uma foi de um jornalista carioca com o qual eu tinha contato ha muitos anos e me pediu para escrever um artigo para certo jornal criticando um grande movimento de Dança de Salão que ocorria no Rio de Janeiro. Ao meu ver, o movimento todo merecia aplausos, muitos aplausos, e não vaias. Até porque deixava um registro bibliográfico significativo, que nenhum outro evento na área deixara. Este jornalista queria usar o meu nome para atacar um inimigo seu. Não escrevo. Este episódio me motivou a publicar, em outro periódico carioca, um artigo elogiando quem ele queria que eu criticasse.

O outro episódio foi muito mais sorrateiro. Ganhei um presente de uma colega que por muitos anos acreditei ser minha amiga, uma figura que aparece no cenário da Dança de Salão. Então, eis que seu marido me “cobrou”, em duas ocasiões distintas, o preço do presente dizendo que eu deveria escrever o trabalho acadêmico de sua esposa. A obtenção do título dela vinha se arrastando por falta dele. Não tenho nada contra o serviço de ghost writer, mas, meus princípios dizem que ele não se aplica a trabalhos acadêmicos, cuja autoria deve ser da pessoa em nome da qual é registrado. Não teria dificuldade nenhuma para escrever mais um trabalho acadêmico e o presente era algo que eu realmente ficaria contente em ter, mas, jamais ao ponto de, para recebê-lo, passar por cima do que acredito ser correto. Como o presente já estava providenciado, posso dizer que se tratava de uma chantagem. Que não funcionou. Não fui buscar o regalo que acreditaram ser capaz de me comprar. Não escrevo. Afastei-me do ilustre casal. Não faço amizades por interesse e sim por admirar a integridade. Para mim, única razão que justifica uma amizade. O episódio inspirou o artigo “Dançamos o que somos” publicado na Revista Dança em Pauta, coluna Dança & Comportamento, sob minha autoria (http://www.dancaempauta.com.br/site/artigo/dancamos-o-que-somos/).

Aí está a informação bem clara, não escrevo a mando de ninguém se não minha consciência. Minha vaidade não é maior que meus valores. Meus amigos são pessoas cuja integridade merece minha admiração. E não escrevo contra meus princípios.

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