Recebi até hoje, para escrever, duas
propostas que contrariaram meus princípios. Ambas devem servir de recado para
evitar novas propostas do mesmo gênero.
Uma foi de um jornalista carioca com o
qual eu tinha contato ha muitos anos e me pediu para escrever um artigo para
certo jornal criticando um grande movimento de Dança de Salão que ocorria no Rio
de Janeiro. Ao meu ver, o movimento todo merecia aplausos, muitos aplausos, e não
vaias. Até porque deixava um registro bibliográfico significativo, que nenhum
outro evento na área deixara. Este jornalista queria usar o meu nome para
atacar um inimigo seu. Não escrevo. Este episódio me motivou a publicar, em
outro periódico carioca, um artigo elogiando quem ele queria que eu criticasse.
O outro episódio foi muito mais
sorrateiro. Ganhei um presente de uma colega que por muitos anos acreditei ser
minha amiga, uma figura que aparece no cenário da Dança de Salão.
Então, eis que seu marido me “cobrou”, em duas ocasiões distintas, o preço do
presente dizendo que eu deveria escrever o trabalho acadêmico de sua esposa. A
obtenção do título dela vinha se arrastando por falta dele. Não tenho nada
contra o serviço de ghost writer, mas, meus princípios dizem que ele não se
aplica a trabalhos acadêmicos, cuja autoria deve ser da pessoa em nome da qual
é registrado. Não teria dificuldade nenhuma para escrever mais um trabalho
acadêmico e o presente era algo que eu realmente ficaria contente em ter, mas,
jamais ao ponto de, para recebê-lo, passar por cima do que acredito ser
correto. Como o presente já estava providenciado, posso dizer que se tratava de
uma chantagem. Que não funcionou. Não fui buscar o regalo que acreditaram ser
capaz de me comprar. Não escrevo. Afastei-me do ilustre casal. Não faço
amizades por interesse e sim por admirar a integridade. Para mim, única razão
que justifica uma amizade. O episódio inspirou o artigo “Dançamos o que somos” publicado na Revista Dança em Pauta, coluna Dança & Comportamento, sob minha autoria (http://www.dancaempauta.com.br/site/artigo/dancamos-o-que-somos/).
Aí está a informação bem clara, não
escrevo a mando de ninguém se não minha consciência. Minha vaidade não é maior
que meus valores. Meus amigos são pessoas cuja integridade merece minha
admiração. E não escrevo contra meus princípios.
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