28 de outubro de 2017

Para não dizer que não falei de auto-ajuda

Milton Saldanha,  jornalista

Faço parte do restrito clube das pessoas que falam da velhice sem preconceitos, medos e fantasmas. Certamente porque me preparei bem para isso durante a juventude.

Por exemplo, fazendo muito exercício físico. Nadava, caminhava, corria, pedalava na bicicleta, jogava futebol. Fui escoteiro por seis anos, acampava muito, era tudo a pé, nas estradas e campos, com mochila. Dançava nos bailes.  E, como se tudo isso fosse pouco, não dispensava uma intensa sessão de ginástica antes de cada banho. Sem jamais ter fumado.

Meu irmão, Rubem Mauro, que nasceu primeiro, seguiu a mesma rota. Não foi escoteiro, mas teve o Exército, onde se formou oficial R-2, praticando exercícios intensamente, além de marchas pesadas.

Hoje, aos 72 anos, colho os frutos disso. Tirando a próstata, que não tem jeito, pega 100% dos homens, causando preocupações e incômodos urinários, o resto sobrevive dentro de padrões considerados bons, para a idade.

Riscos? Claro que existem, mas não faço disso uma neurose. Sem dispensar exames médicos periodicamente. Faço parte, por exemplo, de um grupo que passa por testes (de quase tudo), da Faculdade de Saúde Pública da USP. Os resultados são ótimos. E me alertaram para mais vitamina D e mais musculação. A idade reduz o tônus muscular. Então imagine o que acontece com quem não fortalece bem isso na juventude.

Ah, e foram os hábitos de vida que me salvaram da morte em novembro do ano 2000, quando sofri um infarto pesado, com as duas coronárias entupidas.  Mas com o sangue chegando ao coração através das artérias colaterais, uma rede que os médicos chamam de coração de atleta. Ela se forma por volta dos 25 a 30 anos, como prêmio pelos exercícios praticados.

O infarto, apesar da vida saudável, teve três causas: genéticas (histórico familiar), alimentação com excesso de gordura das carnes vermelhas ingeridas pelas famílias gaúchas, e fatores emocionais, derivados principalmente das tensões da minha profissão, o jornalismo. Uma profissão fascinante, mas que consome com a gente, pelas pressões cotidianas.

 É tudo uma maravilha? Claro que não. Nesta idade o fôlego não responde mais como antes. Uma longa escada ou lombada a subir te deixa com a língua de fora. Contudo, sempre escalo, mesmo quando existe a opção da escada rolante. Para subir ou descer.

Fico pasmo de ver jovens optando pela escada rolante, quando deveriam estar mexendo o corpinho. Eles sequer sentam, vivem deitados, ou apoiados em alguma coisa, enfraquecendo seus músculos e ossos. Não percebem que o corpo precisa de estímulos, o tempo todo. E que sem isso, em breve, terão a saúde comprometida.

Hoje, faço menos exercício, é verdade. Mas ainda caminho todos os dias, uso a bike com freqüência (só não uso mais por medo do trânsito selvagem), e danço no mínimo três vezes por semana. Com média mínima de 3 horas por baile, onde pouco paro, só para rápidos descansos e hidratação, só com água.

A dança de salão é um exercício notável, além do mais prazeroso, entre todos. Depois de dançar, por exemplo, três sambas seguidos, na pauleira, a gente queima um terço de uma refeição leve. Com o detalhe de que me acostumei com as refeições leves, a tal ponto que não consigo mais repetir abusos do passado, quando saia da mesa com a sensação de barriga pesada e incômoda.
Receita, para quem estiver interessado: corte o sal, se possível 100%; reduza o açúcar; coma bastante saladas e frutas, sem restrições, temperada só com azeite extra-virgem de oliva; faça depois um prato quente variado, mas com pequenas porções de cada alimento; valorize os peixes, grelhados, são de baixa caloria, além de saborosos; dispense as frituras, ou reduza ao máximo; isso lhe dá crédito a um bom pastel, de vez em quando; fuja dos refrigerantes e das bebidas com gás, que causam perda de cálcio no organismo. Mas não se prive do vinho, com moderação, nem de uma cervejinha, quando der vontade.
Bastará um mês para perceber os resultados. O corpo saudável alivia sentimentos de culpa, sua cabeça também ficará mais leve.   
                                                                                                
Milton Saldanha
Jornal Dance, editor

10 de outubro de 2017

Escravos que dançavam no Brasil do século XIX

JORNAL FALANDO DE DANÇA DIVULGA

Você sabia? Saber dançar e tocar era um diferencial entre os escravos, no século 19. Quem nos conta é nossa colaboradora Maristela Zamoner, em artigo que escreveu para a ed. 121 (outubro) do Jornal Falando de Dança. Gostou? Então nos ajude a divulgar. Dança de Salão é cultura, é história.

Leia a edição completa AQUI.