28 de janeiro de 2013

Qualidade de vida dos praticantes de dança de salão

Hoje pude apreciar o artigo "Qualidade de vida dos praticantes de dança de salão", da autoria de Zenite Machado e coautoras, publicado em fevereiro de 2012 pela Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. 

Trata-se de um artigo que se diferencia por alguns aspectos muito interessantes. 

Destaco sobre a qualidade desta pesquisa, primeiramente, o tamanho da amostra que incluiu 402 indivíduos.  

E não foi o único diferencial em trabalhos na área de Dança de Salão que pude constatar, é ainda uma das poucas pesquisas em que optou-se por realizar uma análise estatística. 

Registro aqui meus parabéns à equipe autora.

Confira na íntegra: http://www.sbafs.org.br/_artigos/495.pdf

25 de janeiro de 2013

Quantos pesquisadores são necessários em uma publicação?

Tenho notado um crescente abuso de autores em artigos científicos, inclusive na área da Dança de Salão.

Muitas vezes, pesquisas simples, visivelmente factíveis por um único pesquisador, apresentam como autores, seis, sete, oito ou mais pesquisadores. É fato que estabeleceu-se um "mercado" acadêmico em que contam-se pontos para cada trabalho que um pesquisador tem, criando-se uma espécie valor quantitativo para a produção acadêmica. Assim, pesquisadores trocam favores, colocando em seus artigos nomes de colegas que, em troca, retribuem o mesmo favor. Isto permite que todos aumentem suas pontuações, o que, geralmente, significa possibilidade de mais recursos, não raro, públicos. 

Mas, é preciso lembrar que este tipo de negociata é uma enganação, é mentira científica. Então, percebo que a pergunta ao título desta postagem pode ser sabiamente substituída por outra: "Quantos pesquisadores são desnecessários em uma publicação?

Valorizo particularmente quem tem coragem de publicar seus artigos sozinho (raridade atualmente) e também sabe trabalhar em equipe, publicando com um ou outro colega que de fato participou da pesquisa. 

Vejo que é tempo de questionar os cabides de autoria que estão se proliferando, da mesma forma que é preciso questionar a ética desta conduta.

Mérito, o descarte

Há algum tempo, uma situação lamentável na área da Dança de Salão motivou-me a produzir o artigo: "Doutores aprendizes". Hoje, nova circunstância faz-me lembrar o descrédito do mérito em nosso país, sua penetração no meio acadêmico e o preço que todos pagaremos a longo prazo.

Resta-nos voltar os olhos para a reflexão, na esperança de que os trilhos da integridade sejam, um dia, reencontrados. 

Por isto, compartilho aqui o artigo citado, na íntegra, originalmente publicado em: http://www.protexto.com.br/texto.php?cod_texto=1391.

Doutores aprendizes 


No site da USP, uma das mais respeitadas universidades do Brasil, na área “Divulgação da Tese”, consta a afirmação: “Ao escrever sua tese, o aluno estará aprendendo a escrever um artigo”. Entretanto, uma pesquisa simples mostra que, inexplicavelmente, uma vasta legião de doutorandos, e mesmo doutores, nunca publicou sequer um único artigo científico, nem mesmo de suas próprias teses, mantendo-se, portanto, na condição de “estar aprendendo”, o que nos permite afirmar que são “doutores aprendizes”. Isto, por si só, não seria demérito pessoal. Mas, não raro, estes aprendizes provocam sérios prejuízos acadêmicos e profissionais a terceiros. Recentemente, presenciei um destes doutores aprendizes, membro de uma banca de especialização, dizendo estar ali para "puxar orelhas" dos futuros especialistas. Este doutor aprendiz, sem publicações em periódicos científicos, carece de preparo para avaliar qualquer trabalho, especialmente, como era o caso de um dos acadêmicos, conhecido autor de várias publicações em periódicos de consagrada reputação científica. O mais contundente, porém, é que o próprio trabalho que apresentava à banca já tinha sido aprovado para publicação pelo Conselho Editorial de ilibado periódico internacional, arbitrado, qualificado pela Capes, com padrão de qualidade assegurado também por dois indexadores científicos: um canadense e outro espanhol. Doutores aprendizes deveriam ao menos ter bom senso suficiente para não se colocarem em situações como estas, que tocam o limite do ridículo.

Entristeço-me sobremaneira ao ver doutores aprendizes aprovados em concursos nas nossas Universidades Públicas. Universidades estas que vêm abandonando sorrateiramente o critério secular do mérito para atender a rasteiras motivações corporativas e ideológicas. Comprometem de forma preocupante, além da qualidade acadêmica, a do corpo docente e o futuro do próprio sistema universitário. O reitor da USP, João Grandino Rodas, identificou e declarou publicamente na Revista Veja de 27 de outubro de 2010, em entrevista intitulada “Zero para o corporativismo”, que, neste caminho, a universidade pública estará “fadada à obsolescência”. Sabiamente, ele critica a “aversão ao mérito” vinda dos improdutivos. Esta autofagia levará ao fim a Universidade Pública. E já se vislumbra isto quando constatamos que nenhuma universidade brasileira aparece nas primeiras colocações dos rankings internacionais.

Há algum tempo tenho visto nossa antes tão respeitada Universidade Pública tomar este rumo. Os concursos “públicos” carecem de transparência, justamente para manter este perverso modo de privilegiar a corporação e a ideologia. Essa proposital falta de transparência tem permitido a aprovação de professores, que deveriam ser cientistas, mas que sequer poderiam receber o status de aprendizes de ciência. São, isto sim, meros mantenedores da inércia. Há o caso de aprovação em concurso para uma Universidade Pública, de candidato que nem ao menos detinha título de mestrado. O estarrecedor é que, a prova discursiva, subjetiva e igual para todos os concorrentes, versava sobre a própria monografia de graduação do referido candidato!

Contaminam-se igualmente as seleções de mestrados e doutorados, para que os próprios professores da instituição, pseudo cientistas, ocupem estas vagas também, obtendo pontos para crescimentos salariais e institucionais. Seleções baseadas em currículo contemplam, inexplicavelmente e até descaradamente, improdutivos em detrimento de produtivos, sem justificativas lógicas ou ao menos razoáveis e sem direito a recurso. Assim, exclui-se da universidade, uma miríade de cientistas férteis e incham-se os quadros de aprendizes com título de “doutor”.

O mérito morre e algo sobrevive em seu lugar. Hoje, esta universidade serve ao seu funcionário, ao professor, à corporação e não mais ao aluno ou à população que a sustenta.

Surge o perfil da Universidade de baixíssima e decrescente qualidade, enquanto doutores aprendizes, recebedores de salários incompatíveis com sua pouca ou nenhuma produção, continuam sendo autorizados a dar seus “puxões de orelha” em quem de fato produz.

Quando ouço que o Brasil é maior que esta decrepitude do poder público atual, faço um grande esforço para acreditar e ter esperanças no futuro. Quero acreditar que nosso país está acima destes crimes que se cometem intra-muros dos templos de ensino e que, de alguma forma, sobreviverá a isto e um dia voltaremos a ter o mérito como critério absoluto de escolha.