Em
17 de julho estive na Mimulus, Belo Horizonte, Minas Gerais, ministrando a
palestra de lançamento do livro “Dança de Salão: conceitos e definições
fundamentais”. Quando recebi o convite de Jomar, ainda ano passado, lembrei
imediatamente de tantas coisas incríveis que lá vira anos antes, por ocasião de
outra palestra. Hoje, continua impossível não notar que a chama cultural
crepita por ali com muita intensidade.
Lembremos
por um momento que neste espaço funciona a Associação Cultural Mimulus, Mimulus Cia de Dança e Mimulus Escola de Dança. Sem dúvida ali se cria um produto artístico
genuinamente brasileiro, nas palavras de Jomar Mesquita, resultado da “transposição
da linguagem coreográfica dos salões para os palcos”. Não tenho receio em afirmar que este trabalho é o único no país com repercussão internacional de alto
nível, ao ponto de merecer a atenção de periódicos cuja influência é mundial, por
exemplo, The New York Times (EUA), Times Union (EUA), Le Figaro (França) entre
muitos outros incluindo os nacionais.
Neste
espaço mágico, fui recebida muito carinhosa e atenciosamente por Jomar, Baby (mesmo à distância), e Fábio. Foram pouquíssimas horas, mas, houve
tempo de compartilhar ideias, ouvir gente jovem como Míriam Medeiros Strack trazendo
mais propostas ousadas e revolucionárias sobre condução e também de conhecer pessoalmente
Tiago Tonial, cavalheiro que já havia me conquistado com sua frase “...se
existe uma pretensa vantagem do homem, essa vantagem virá da subserviência no
sentido de obrigação de satisfazer a mulher”, referindo-se ao cavalheiro e a
dama no salão.
Naquele
ambiente, não pude deixar de reparar um detalhe quase imperceptível, um pequeno
quadrinho, no corredor que dá acesso ao banheiro. Bem, o quadrinho tinha uma
gravura de uma das obras de arte de Fernando Botero, um artista colombiano que
há muito me encanta. Botero nos arremessa para a realidade da Dança de Salão que
vai além das aparências físicas. Mas, reforço, era apenas um detalhe entre uma
miríade de outros.
A
primeira vez que estive na Mimulus, já há vários anos, me surpreendi com uma
apresentação maravilhosa na qual dois homens dançaram juntos mascarados, de
preto dos pés à cabeça. Desta vez, vi dois homens fazendo aula juntos, com a
naturalidade que devia haver em toda sala de aula, afinal, é dança.
Para
minha mais absoluta surpresa, serviram frutas no intervalo. Confesso que nunca
tinha visto isto em um curso de danças. Fantástico. Para completar, copos de
vidro a favor de um ambiente mais limpo.
As
paredes estampam a vida da Mimulus. A cada quadro, uma história, um envolvimento,
uma beleza, uma paixão, uma saudade. É preciso estar ali para sentir, para
respirar e perceber a garra de uma família que defende a cultura do país indo além de seus limites. Uma
família, que como a minha, aposta suas energias na cultura brasileira, fazendo florescer consigo mais e mais talentos daqueles que decidem caminhar junto.
Antes
de voltar, senti aquela saudade antecipada. E cheguei leve, trazendo mais uma vez a indescritível admiração e respeito por este brilhante, genial, gentil e encantador doce gigante que é a Mimulus.
Citações:
Mesquita, Jomar. Transposição da linguagem coreográfica dos salões para os palcos - Dança de salão como arte. In: Perna, Marco Antonio (org). 200 anos de Dança de Salão no Brasil. Volume I. Amaragão Edições de Periódicos. Rio de Janeiro. 2011.
Strack, Míriam Medeiros. Dama ativa e
comunicação entre o casal na dança de salão: uma abordagem prática. Monografia.
Especialização em Teoria e Movimento da Dança com Ênfase em Danças de Salão da
Faculdade Metropolitana de Curitiba. 2013.
Tonial,
Tiago. Dança de salão e lazer na sociedade contemporânea: um estudo sobre
academias de Belo Horizonte. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Minas Gerais, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
2011.