Espetáculo "Um Ano, Dois Meses e Três Semanas" da Oito Tempos Dança de Salão, inicia com o mérito desbravador de ter chamado a atenção do Fundo Municipal da Cultura de Curitiba. Este reconhecimento é necessário, afinal, em determinados espaços a Dança de Salão não é a preferida das artes, quando tem a sorte de ser vista como tal. Cada conquista precisa ser comemorada e incentivada. Toda a equipe envolvida no espetáculo deve ser prestigiada e parabenizada por esta vitória. A merecida casa cheia é a participação do público rumo ao bom caminho de valorização.
Revela-se neste palco uma evolução em direção a busca pelo fazer artístico mais instintivo, na linha da Dança de Salão de Projeção, ou como alguns preferem, Dança de Salão Contemporânea. Chama a atenção a composição de padrões estéticos de aceitação, permeados por um clima leve que, de fato, transparece marcas de uma felicidade pueril doce. Propositadamente ou não, personagens se confundem com atores em múltiplos sentidos... Foi possível mergulhar em números agradavelmente bem ensaiados, abrilhantados com figurinos clássicos que nos transportaram a um plano poético do salão de baile... pontos altos do espetáculo!!!
A poeta estadunidense Adrienne Cecile Rich, conhecida por ser defensora do que chama de feminismo lésbico, tem seu nome já na divulgação do espetáculo "Um Ano, Dois Meses e Três Semanas", como autora da frase “the maps they gave us were out of date”. Esta frase, da obra Twenty One Love Poems, é aceita por autores a exemplo de Rabbi Leila Gal Berner, como uma metáfora relativa à determinadas dificuldades sociais de homossexuais. Ainda é pertinente lembrar que para a autora, "The words are maps" , assim, os mapas desatualizados a que se refere, podem ser entendidos também como palavras. Em muitos de seus textos desnuda-se sua certeza sobre a força imensurável das palavras. E a palavra escolhida, a base literária que dá inspiração principal ao espetáculo, segundo a Revista Dança em Pauta, partiu de um autor atual, Jorge Bucay. Essencialmente polêmico, o autor atua na área da autoajuda e sua trajetória é fortemente marcada por uma conduta autoral excêntrica e pouco ortodoxa. Aqui, talvez um paralelismo intencional no fio condutor técnico.
Seja como for, a mensagem do evento cênico estava relacionada ao tempo bem vivido, à felicidade, e esta, pôde sim ser vislumbrada em várias coreografias. E é assim que o espetáculo é digno de ser visto, com o reconhecimento do mérito quanto ao espaço conquistado, com a apreciação de danças bem executadas e de bom gosto, e... com nossos olhos bem vivos!!!
Não há dúvidas, vale a pena assistir!!!
E esperar pelos próximos!!!
http://www.terra.com.ar/canales/informaciongeneral/124/124588.html
http://diarioepoca.com/88360/El-escritor-Jorge-Bucay-reconociandoacute-que-plagiandoacute-obra/
http://article.wn.com/view/2005/10/11/Bucay_admite_haber_cometido_plagio_en_uno_de_sus_libros/
http://www.infobae.com/2005/10/12/215735-los-criticos-dicen-que-bucay-es-mediocre-y-elemental
http://portal.educ.ar/debates/protagonistas/espectaculos-medios/acerca-del-caso-bucay.php
http://jwa.org/blog/adrienne-rich-navigating-hope
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