28 de setembro de 2011

Um toque de infidelidade

Este mês enviei para revista Dança em Pauta um artigo comentando um trecho do filme “Um toque de infidelidade”. Aqui, você confere o artigo original na íntegra. Na revista você pode ver os links dos trechos do filme: http://www.dancaempauta.com.br/site/ver-e-ouvir/um-toque-de-infidelidade/.

Figura 01 - Captura de tela referente à publicação sobre o filme    "Um toque de infidelidade",
de Maristela Zamoner
    Fonte: Revista Dança em Pauta

Um toque de infidelidade


Em 1989 a Paramount Pictures lança no cinema o filme “Um toque de infidelidade”, intitulado originalmente de “Cousins”, dirigido por Joel Schumacher e produzido por William Allyn. Foi estrelado por Isabella Rossellini, Ted Danson, Sean Young e William Peteresen nos papéis principais. O filme é uma refilmagem de “Primo, Prima”, de 1975. Conta a história de Maria e Larry, que se conhecem na recepção do casamento entre a mãe dela e o tio dele. Nesta festa, inicia-se um caso amoroso entre os cônjuges dos protagonistas, que não passa desapercebido por ninguém. Incomodados com o caso dos seus cônjuges, Larry e Maria aproximam-se tentando dar a impressão de que também estavam tendo um caso, o que desemboca em um romance real entre ambos.
Apesar de ser antigo, vale a pena revê-lo, se não pelo enredo, por ter uma bela fotografia e uma trilha sonora fantástica.
Mas, o que realmente marcou minha memória, foi uma cena de menos de 20 segundos, aproximadamente aos 27 minutos do filme, em que Ted Danson (Larry), dança um cha-cha-cha com Lorraine Butler (Ms. Greenblatt). Larry é um homem esbelto e elegante, que buscava a felicidade e para tal, trocava seqüencialmente de empregos. No momento em que se passa o filme, ele atua ministrando aulas de danças de salão, o que, segundo ele, o permite ser feliz. Como professor, aparece conduzindo uma aula para terceira idade, em um clima agradabilíssimo, construído sobre tons claros característicos do espírito daquele momento. Em determinado ponto, ele interrompe a aula no intuito de mostrar como é o cha-cha-cha e convida para uma demonstração Misses Greenbaltt (Lorraine Butler), sua ajudante:

Oh. My God. No. No. No.
Let me show you one more time.
One more time. Everybody.
Mrs. Greenblatt…

Misses Greenbaltt, com bela postura e elegância, dirige-se ao centro da sala de dança. Ambos dançam brevemente com uma leveza impressionante e ao final, o professor olha para a dama e se pronuncia:

You look marvelous.
Magnificent. A thing of beauty.
Thank you. Thank you.
Okay. That's it. Time's up. Everybody.
Practice. Practice. Practice. Yes. Practice.
Practice. Practice.

É uma cena que deve ter passado desapercebida pela maioria das pessoas que assistem a esta produção envolvidas em seu enredo. Não é um destes filmes de dança que tanto chamam a atenção trazendo histórias românticas pasteurizadas pelo envolvimento entre os dançarinos, seja entre professor(a) e aluno(a) ou não. É uma cena mais real, característica da maioria das salas de aula de danças de salão para terceira idade que estão espalhadas pelo mundo. Na época em que assisti este filme a primeira vez, nem havia iniciado minhas aulas de dança de salão, mas, o fato é que o vi há mais de 20 anos e esta foi a cena que ficou marcada em minha memória.
Com esta lembrança permanente, resolvi rever o filme apreciando novamente aquela cena em especial, revivi a mesma sensação, de indescritível leveza. Busquei informações, especialmente sobre a dama chamada pelo professor para demonstrar, a atriz Lorraine Butler. Não foi possível encontrar muitos dados sobre esta dama/atriz, pude saber apenas que teria nascido em Melbourne, Austrália, atuado em apenas pouquíssimos filmes com papéis secundários e seguido carreira em cassinos, teatros, restaurantes, hotéis e, nos últimos anos, ensinando voz e performance.
Talvez alguns possam se perguntar o que será que havia de tão fantástico naqueles 20 segundos. Bem, para a maioria das pessoas deve ser mesmo uma cena banal, mas, para mim, marcou a memória, conservando um frescor único. Uma cena de beleza incrível, quem sabe, porque se tratava de uma dama notavelmente fora dos padrões de beleza aceitos pela sociedade.