30 de agosto de 2012

Imagem do Cassino Fluminense é uma FRAUDE

Nestas últimas semanas fiz uma descoberta realmente interessante ao pesquisar sobre salões de dança. Retomando o livro “Salões e Damas do Segundo Reinado”, de Wanderley Pinho, porque estava intrigada com uma imagem do Cassino Fluminense, notei algo simplesmente incrível.

No livro de Pinho consta, na legenda da referida imagem: “Um baile no Cassino. Litografia da época. A legenda diz erradamente 'Casa del Gobierno'", sem autor, sem data e sem fonte. Ao pesquisar mais profundamente a origem desta obra, descobri que encontra-se no Atlas de la historia física y política de Chile, publicado por Claude Gay, em 1854. Trata-se da foto de uma obra de arte datada de 1826 do pintor F. Lehnert, ambientada no Palácio de La Moneda no Chile, em comemoração do aniversário da independência deste país, que ocorrera em 1818. O Cassino Fluminense foi inaugurado só em 1845. A imagem que consta no livro de Pinho é uma foto da página do atlas onde está a obra de Lehnert.

A figura foi grosseiramente alterada, o título foi excluído, as inscrições existentes no salão, entre o primeiro e o segundo balcões, foram pintadas, provavelmente à mão, de forma a impedirem a leitura dos nomes das batalhas que levaram o Chile à independência e as bandeiras do Chile, penduradas por todo o salão, foram descaracterizadas. Ou seja, o que identificaria a imagem como chilena foi escondido por adulterações sorrateiras.

Não vejo como descobrir quem fez tal insanidade. José Wanderley de Araújo Pinho, o autor do livro, foi historiador e político, chegou a ser prefeito de Salvador, deputado, talvez tenha solicitado uma imagem do Cassino Fluminense a um assessor que teria cometido o crime ou, obtido a imagem já modificada. 

O responsável por isto acreditou que jamais alguém descobriria tratar-se de uma página corrompida de um atlas chileno. Afinal, a primeira edição do livro de Pinho data de 1942 e, provavelmente desde então, esta imagem tem sido aceita como sendo do Cassino, até mesmo pelos cariocas. Assim, foi reproduzida em outras obras como trabalhos acadêmicos e livros de respeitáveis autores, sérios, que pesquisam em produções consolidadas na literatura, como é o caso de "Salões e Damas do Segundo Reinado", com edições de 1942 a 2004.

Mas, veio a internet e cada dia fica mais fácil flagrar este tipo de embuste, coisa que, há 10 anos, não seria possível pois, para obter informações dependíamos da leitura de livros como este, do Pinho, teoricamente, acima de qualquer suspeita.

Gosto de pensar que toda a pesquisa desonesta um dia é desmascarada. Que textos escritos por uma pessoa e publicados em nome de outra serão flagrados, que plágios serão escancarados, colagens serão expostas. Talvez, muitas corrupções passem impunes pela história, mas, cada uma que é descoberta torna-se uma vitória da verdade.

Em breve publicarei um texto completo com mais detalhes sobre esta fraude histórica que, agora, foi desmascarada.


Figura 1 - Imagem do Atlas de la historia física y política de Chile, publicado por Claude Gay, em 1854. Pintura de 1826 do pintor F. Lehnert, em comemoração do aniversário da independência do Chile, que ocorrera em 1818.
http://www.memoriachilena.cl/602/w3-article-98717.html




Figura 2 - Foto do livro "Salões e Damas do Segundo Reinado", de Wanderley Pinho, edição de 1970, mostrando a página com a suposta imagem de um Baile no Cassino.
Fonte: A autora, foto tirada em 30 de agosto de 2012.


9 de agosto de 2012

Samba de Gafieira X Samba Fankeado

O primeiro artigo do Volume 2 da obra "200 anos de dança de salão no Brasil", intitulado "Samba de Gafieira X Samba Fankeado", trata de uma questão terminológica e conceitual. 
O autor, Marco Antônio Perna, aborda algumas questões históricas como por exemplo, a razão pela qual o Samba, no salão, é de Gafieira, e os motivos pelos quais recebeu tal denominação. O artigo, como o padrão do autor, muito bem escrito, traz à pauta, novamente, problemas relacionados à terminologias e seus conceitos, deixando clara a necessidade de que cada termo tenha uma conceituação ou definição própria no âmbito da Dança de Salão. Vale a pena ler.

6 de agosto de 2012

Marco A. Perna lança mais dois volumes da obra por ele organizada, 200 anos de dança de salão no Brasil


Recebi há dois dias os volumes 2 e 3 desta importante obra. Os livros estão muito bem organizados e contam com autores que apresentaram trabalhos de excelente qualidade. Nos próximos dias comentarei alguns artigos.

Confira em: http://www.pluhma.com/loja/livros.danca 

2 de agosto de 2012

Dissertação de mestrado traz estudo sobre o Zouk

Este ano foi concluída mais uma dissertação de mestrado: “Dança Zouk: trajetórias do aprendiz”, autoria de Isabel Costa Willadino, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, Programa de Pós-graduação em Educação. A pesquisa de 169 páginas objetivou descrever e estudar a orientação do aprendiz a partir da atuação do professor, contando com 23 adultos iniciantes entre 19 e 61 anos de idade. A autora apontou 66 referências bibliográficas em sua pesquisa, 12 sobre dança de salão e 17 sobre outras modalidades de dança. 


Entre elas destaco:


Perna, Marco Antonio. Samba de Gafieira: a história da dança de salão brasileira. Rio de Janeiro: O autor, 2001.
Ruthes, Sandra. Música para Dança de Salão. Curitiba. Protexto, 2007.
Zamoner, Maristela. Dança de salão: a caminho da licenciatura. Curitiba. Protexto, 2005.
Zamoner, Maristela. Sexo e Dança de Salão. Curitiba. Protexto, 2007.


Confira em: https://www.repositorioceme.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/49841/000850593.pdf?sequence=1