16 de dezembro de 2013

iDance, O BAILE

Fonte: http://1.bp.blogspot.comhttp://blogs.mundolivrefm.com.br
O Clube Concórdia, de Curitiba, tem uma longa história. Sua fundação, pelos grupos étnicos de origem alemã, se dá no século XIX, mais especificamente no ano de 1869. Sua trajetória passa por mudanças de endereços, de corpo diretivo, de nomes, reformas e até depredações relacionadas à Segunda Guerra. 

A sede atualmente mais conhecida teve o começo de sua edificação em 1886, passando por diversas reformas no início do século XX. Hoje, está integrado ao Clube Curitibano, que por sua vez, originou-se em 1881, tendo entre seus fundadores o Barão do Serro Azul. 

No ano anterior, em 2 de junho de 1880, ocorria um dos eventos mais importantes para a história da Dança de Salão do século XIX curitibano, ofereceu-se ao Imperador D. Pedro II um grande baile, nos salões do Museu Paranaense. 

Este museu, que também passou por diversas mudanças de nomes e fragmentações técnicas, desde sua inauguração no ano de 1876, já promovia, além dos movimentos de cunho cultural envolvendo, entre outros, a exposição de seu acervo, muitos eventos sociais, incluindo bailes importantes, que começaram a ser promovidos já dois dias após a sua fundação.
Sede do Clube Concórdia, depredada em 1942 (Arquivo/ Clube Concórdia)
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br 

No século XIX Curitiba já vivia intensamente as Danças de Baile e a primeira Dança de Salão, a Valsa, tipicamente praticada pela cultura alemã que caracterizava fortemente a localidade. Neste século, XIX, a cidade vivia a prática e até o ensino destas danças, em algumas escolas de ensino regular, os "collegios", em dezenas de sociedades de dança que começaram a surgir a partir de 1854 e até mesmo de forma independente, o que se confirma por anúncios de ofertas de aulas em periódicos da época. 

Muito em breve teremos publicações inéditas com detalhes específicos, datas e nomes a cerca da história que a Dança de Salão trilhou no Paraná do século XIX, informações que ainda não constam na literatura atual.

Baile do dia 14 de dezembro de 2013 - iDance
Clube Concórdia de Curitiba
De qualquer forma, a suntuosa sede do clube Concórdia fez e faz parte desta história, sem dúvida, é um dos locais da cidade mais clássicos para realização de bailes. É impossível estar neste salão magnífico sem chegar a ver aqueles vestidos maravilhosos rodando as Valsas imortais que definiram o berço da Dança de Salão no mundo.

Foi a escolha de Sandra Ruthes e Guilherme Rolim, que no último dia 14 de dezembro abriram o salão histórico do Clube Concórdia para mais um baile inesquecível. Já na entrada fomos recebidos pelos sorrisos de Sandra Ruthes que iluminavam a ornamentação detalhada que o imóvel ostenta do piso ao teto. Como nos tempos áureos do salão, fomos recepcionados pela anfitriã, um cuidado raro na atualidade. 

E o baile transcorreu na maior harmonia, permeado pela grandiosidade histórica do Concórdia e assertividade dos anfitriões. 

Ainda tivemos o privilégio da companhia ímpar, na mesa, de dois casais que também trazem consigo histórias sólidas de vida, Vania Andreassi e Luiz Gustavo Cobellache, proprietários do Todo Tango Studio e a professora e médica, doutora Elaine de Markondes, proprietária do Núcleo do Corpo DeMarkondes Pilates e seu esposo, o professor odontólogo Jose Stechman Neto. A noite não poderia transcorrer de forma mais agradável, nem presenteada por conversas mais nobres.
Sandra Ruthes, a anfitriã que fez cada convidado se sentir especial

Mas, sem dúvida o destaque ficou com a apresentação dos alunos de dança da iDance (Clube Curitibano e Danza Mais) que entraram no salão cantando, sem mais nenhum outro som que não fosse o de suas vozes. A ideia genial foi de Renato Zóia, um dos sócios da iDance. Um momento impressionante, uma surpresa deliciosa que denota alto nível de sensibilidade por parte da organização. Somente uma excelente escola de Dança de Salão poderia trazer um número assim para o deleite de convidados cujos valores são diferenciados.

Agradecemos imensamente o convite, parabenizando Sandra Ruthes e Guilherme Rolim pela escolha do salão, pela organização, pelo cuidado com os detalhes e por todo bom gosto revelado a cada convidado, desde a entrada, até a saída, quando recebemos um mimo, também como se fazia em séculos passados.

Foi um baile como não via há muito tempo, um convite a história, uma lição de organização, sensibilidade, competência e bom gosto, deslumbrante...

15 de dezembro de 2013

Todo Tango Studio, Templo de Saberes

Vivemos um tempo curioso. Vejo que hoje é muito mais fácil se obter um título do que conhecimento de fato, e que os caminhos para um e para outro, parecem cada vez mais apartados. O título, deveria sempre ser consequência de conhecimento adquirido. Não é. Não faltam em nossa sociedade titulados desprovidos de conhecimento e sábios sem títulos. Sem falar naqueles que não obtiveram nem conhecimento, nem título. Raros são os titulados com conhecimento e estes, muito frequentemente, não se enquadram na academia.

Um bom exemplo, bem próximo, que revela esta realidade, é dado pela vida de David Antonio da Silva Carneiro, seu conhecimento sobre a história do Paraná e o papel lamentável da academia. O que deveria ser um Templo de Saber, mostrou-se apenas como uma casa de ignorância institucionalizada, sob a égide da arrogância que não passa de uma auto defesa típica da consciência sobre a própria limitação.

Mas, o passar dos anos seleciona o que de fato é consistente. O tempo não parece perdoar tais pequenezas, cedo ou tarde, fazendo justiça.

Precisaríamos aprender com a história, aguçar a inteligência e abrir os olhos para o conhecimento, cuidando com o deslumbre sobre suas pretensas, superficiais, fugazes e funestas etiquetas.

No último dia 11 de dezembro uma oportunidade de saber se abriu para quem tem a humildade e a honesta vontade de aproximar-se do conhecimento sobre a História do Tango. Vania Andreassi proferiu uma palesta no salão do Todo Tango Studio, que emociona quem é ávido por saber mais. Professora, que não se restringiu a obtenção de um único título na vida e detentora de uma caminhada de muita pesquisa, Vania mostrou com a naturalidade dos amantes do conhecimento, que seu saber é tridimensional. Não é como quem se apossa uni ou bidimensionalmente depois de ouvir algo aqui, copiar aquilo ali, usurpar tal lá, participar de acolás e ao final vender-se como grande fonte capaz de esclarecer mitos e difundir as verdades plagiadas como se fossem descobertas próprias. 

Não conheço quem tenha tido uma história mais profunda com o Tango, uma personalidade que vive mais intensamente, desde os pés e corpo que dançam Tango até a mente que sabe Tango. 

A palestra permitiu a quem entendesse sua importância, compreender o que é o Tango, que danças o antecederam, que contextos históricos e étnicos o compuseram, que trajetória musical transcorreu e até preciosidades como a razão pela qual ali se toca esta e aquela orquestra e não fulano, a razão pela qual se busca o abraço, se faz o passo fechado e não aberto, não se usa gancho nesta e naquela situação e tantas outras fundamentações.

Parabéns Vania, pela sua história, pelo conhecimento que você transpira, pelo brilho nos seus olhos, pelo presente valiosíssimo que você dá à Curitiba e, querendo ou não, ao que oportuniza a todos os amantes da Dança de Salão. O seu trabalho, a sua história e a sua luz de paixão transparente pelo Tango me emocionam. Por fim, obrigada por nos abrir suas portas sem intenções além da dança em si e nos permitir participar de um pedaço da sua encantadora e consistente caminhada.