27 de setembro de 2014

EXTRA: Arrastão na pista

Incrível. O tempo passa, as coisas mudam, evoluem, mas certos maneirismos desvirtuados parecem congelados no tempo. Chegam a ser engraçados se não fossem essencialmente falta de oportunidade para compreender o que é civilização.

Vejo que alguns casais, inclusive de profissionais da área da dança, ainda confundem autódromo de corrida automobilística com pista de dança. Segue-se um fluxo natural, harmônico, historicamente típico de um salão de danças que flui no anti-horário. Queria poder ver este salão de cima. E surge um casal que parece contar avidamente a quantidade de voltas que consegue dar no que a sua imaginação, ou alucinação, revela como "adversário". Quando pensamos que a turbulência passou, lá vem novamente atrás manobrando para "ultrapassar". Pior, não percebem, mas a forma que dançam, por mais dominada e com alguma articulação ou estética própria sem fundamento, equipara-se a um caminhão guiado por um embriagado em meio a carros de passeio nos quais casais desfrutam de uma noite de luar. Como diz uma colega minha, "treva". Brutamontes entorpecidos que abrem clareiras com cotoveladas e saltadas. O mais incrível é a pose de superioridade, de quem "pode" mais.

Acho que já é tempo de aprender e ensinar, nas escolas de dança, sobre a importância de reconhecer o local em que se está, suas características e regras, para respeitá-las. Este é o primeiro passo para começar a entender o que realmente importa em uma pista de dança. Tem lugar para apostar corrida, tem lugar para gladiar, tem lugar para se exibir e tem lugar para tratar distúrbios. O salão de danças, em geral, não é ambiente para isto.

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